quarta-feira, 6 de agosto de 2014

O que os salvos fazem no céu? Tem comida boa, jardins magníficos e parques de diversão grátis? Como é viver na eternidade...


POR: COMPÊNDIO DE TEOLOGIA - SÃO TOMÁS DE AQUINO.

QUE ATIVIDADE TERÃO OS RESSURGIDOS:

Cada ser vivo deve ter uma operação para a qual se dirija em primeiro lugar, e nisto se diz
que consiste a sua vida; como dos que se dirigem, em primeiro lugar, para a voluptuosidade, diz-se deles que levam vida
voluptuosa; dos que se entregam à contemplação, que têm vida contemplativa; dos que, ao governo
do povo, que realizam vida política.
Acima foi demonstrado que os ressurgidos não se alimentarão, nem usarão dos prazeres
venéreos, para o que parece que se ordenam as demais funções corpóreas. Afastadas essas funções
corpóreas, permanecem as operações espirituais, nas quais, já o dissemos, consiste o fim último do
homem. Atingir esse fim cabe aos ressurgidos livres do estado de corrupção e de mutabilidade,
como já foi acima demonstrado.
O fim último do homem não consiste em quaisquer atos espirituais, mas em que Deus seja
visto na sua essência, como se falou acima. Ora, sendo Deus eterno, é necessário que a nossa
inteligência se una também à eternidade. Como dos que se entregam à voluptuosidade, diz-se deles
que vivem uma vida voluptuosa, assim também os que possuem a vida divina têm vida eterna,
conforme escreve São João: "Esta é a vida eterna — que Te conheçam como Deus verdadeiro." (Jo
17,3.)

DEUS SERÁ VISTO NA SUA ESSÊNCIA, NÃO EM ALGUMA SEMELHANÇA.

Deus será visto pela inteligência criada na sua própria essência, não em alguma semelhança,
pela qual a coisa conhecida torna-se presente na inteligência, mas dela está distante, como a pedra
que está presente aos olhos pela sua semelhança, mas deles dista, pela substância.
Mas já foi dito acima que a mesma essência de Deus une-se, de certo modo, à inteligência
criada, e assim Deus pode ser visto na sua própria essência.
Assim como no último fim será visto o que antes se acreditou sobre Deus, também o que
fora esperado como distante será possuído como presente, e a isso é que se chama de compreensão,
conforme as palavras do Apóstolo na Carta aos Filipenses: "Prossigo, para ver se compreenderei." (Fil 3,12.) Este modo não deve ser entendido no
sentido de que à compreensão pertença alguma inclusão, mas só enquanto ela supõe a presença da
coisa compreendida, assim como também é suposto o conhecimento dela por quem a compreende.

VER A DEUS É A SUMA PERFEIÇÃO E O SUMO DELEITE

1 — Deve-se também considerar que o deleite é gerado pela apreensão do objeto
conveniente à potência, como a vista deleita-se pela apreensão das belas cores, e o gosto, com
suaves sabores. Mas o deleite dos sentidos pode ser impedido por uma indisposição do órgão
sensitivo, como acontece com os olhos doentes, aos quais a luz é desagradável. Entretanto, sabemos
que aos olhos sãos, ela é agradável. Como, porém, a inteligência não conhece por meio de órgão
corpóreo, como foi demonstrado, o deleite que lhe vem da contemplação da verdade não é
contrariado por tristeza alguma. Contudo, acidentalmente, pode a tristeza acompanhar a apreensão
intelectiva, enquanto aquilo que é conhecido pela inteligência é apreendido como nocivo, havendo,
no caso, satisfação na inteligência pelo conhecimento da verdade, e tristeza na vontade, causada
pela coisa conhecida, não enquanto é conhecida, mas enquanto nociva ao ato voluntário. Ora, Deus,
naquilo mesmo que é, é a verdade. Por conseguinte, não pode a inteligência ver a Deus e não se
deleitar também, simultaneamente, dessa visão.
2 — Ademais, Deus é a própria bondade que motiva ao amor. Logo, é necessário que essa
bondade seja amada por todos os que a apreenderem.
Se bem que uma coisa, mesmo sendo boa, possa não ser amada, podendo até ser odiada, isso
acontece, não porque seja apreendida como bem, mas enquanto o é como nociva. Na visão de Deus,
que é a própria bondade e verdade, convém que, como há conhecimento compreensivo de Deus, haja também o amor, isto é, a posse deleitável,
conforme se lê em Isaías: "Vereis, e o vosso coração se alegrará." (Is 66,14.)

TODOS OS QUE VÊEM A DEUS ESTÃO CONFIRMADOS NO BEM

Do exposto acima, pode-se concluir que a alma, ou qualquer outra criatura espiritual, que vê
a Deus, tem a vontade n'Ele confirmada, de modo que não se incline para sempre a um bem
contrário.
1 — Sendo o bem o objeto da vontade, é impossível que ela incline-se para alguma coisa, a
não ser atraída por alguma razão de bem. Mas como é possível também faltar algo em qualquer bem
particular, fica, ao que conhece, a capacidade de buscá-la em outro bem. Logo, não convém à vontade do que conhece um bem particular fixar-se só nele, de modo que não se ordene senão para
ele.
Mas em Deus, que é o bem universal e a própria bondade, nada de bem lhe falta que possa
ser desejado em outro ser, como se viu acima. Quem quer, pois, que veja a essência de Deus não
pode d'Ele desviar a vontade sem que se dirija para tudo, senão sob uma formalidade divina.
2 — Esclareçamos isso por uma semelhança do plano do conhecimento. A nossa
inteligência, quando duvida, é capaz de dirigir-se para objetos contrários, até atingir o primeiro
princípio, no qual necessariamente se firme. Como, com efeito, o fim é para as coisas apetecíveis o
que o princípio é para as inteligíveis, pode também a vontade inclinar-se para bens contrários até
que venha ao conhecimento ou fruição do último bem, no qual necessariamente deva firmar-se.
3 — Além disso, seria contrário à felicidade perfeita, se o homem, neste estado, pudesse
inclinar-se para bens contrários. Se não o fosse, não estaria totalmente excluído o temor de perder a
Deus, e, assim, o desejo não estaria também totalmente aquietado. Lê-se, porém, no Livro do
Apocalipse: "Não sairá mais fora d'Ele." (Ap 3,12).

2 comentários:

  1. Bosta de texto, não responde o que vai ter no céu de divertido para sentir prazer. Não vejo graça no céu se não tiver jogos, sexo, comida industrializada, rock, disputas entre os habitantes etc.

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