sábado, 9 de agosto de 2014

Deus não gosta e não atende a oração de infiéis obstinados que se negam a converter-se - Por São Francisco Xavier.


POR: OBRAS COMPLETAS - SÃO FRANCISCO XAVIER.

AOS SEUS COMPANHEIROS
RESIDENTES EM ROMA
Goa, 20 de Setembro 1542
Cópia em castelhano, feita em 1543

''Um mouro desta cidade de Melinde, dos mais honrados, perguntou-me que lhe dissesse se as igrejas, onde nós costumamos orar, são muito visitadas por nós, e se somos muito fervorosos na oração, dizendo-me sobre como entre eles se perdia muito a devoção, se era assim entre os cristãos. Porque, naquela cidade, há dezessete mesquitas; e a sua gente já não ia senão a três mesquitas. E, a estas, muito pouca gente era a que ia. De maneira que estava muito confuso, em não saber donde procedia perder-se assim a devoção entre os mouros: dizia-me que, tanto mal não podia proceder senão dalgum grande pecado. Depois de termos arrazoado um grande pedaço, ele ficou com um parecer e eu com outro. De maneira que não ficou satisfeito com o que lhe disse: que Deus Nosso Senhor, sendo em todas as suas coisas fidelíssimo, não descansava com infiéis e, menos ainda com a suas orações; e que esta era a causa porque Deus queria que a oração entre eles se perdesse, pois dela não era servido. Um mouro, muito douto na seita de Maomé, o qual era caciz, isto é, mestre, estava naquela cidade e dizia que, se dentro de dois anos Maomé não viesse visitá-los*, não havia de crer mais nele nem na sua seita. Próprio é de infiéis e grandes pecadores, viver desconfiados: mercê é, que Nosso Senhor lhes faz, sem eles a conhecerem.''

*** Dizem que a cidade de Melinde foi fundada por comerciantes persas, portanto por sequazes da seita Shia (BARBOSA, o.c. I 17 n.1). Cremos que o Maomé referido no texto era o da duodécima geração do profeta que, prolongando invisivelmente a sua vida, era esperado como Mahdi.

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