sábado, 26 de julho de 2014

Santo Antônio de Pádua e a Mula que adorou Jesus Cristo na Eucaristia.


Por: VIDA DE SANTO ANTONIO DE PÁDUA.

Em Tolosa Antônio operou o famoso milagre, conhecido sob o nome de MILAGRE DA MULA. Não seja esquecido que entre os erros professados pelos Albigenses estava a
negação da presença real de Jesus Cristo no Sacramento do altar. Ora, um dia Antônio
sustentou sobre este artigo da fé católica uma longa discussão com certo herege
obstinado e influente na cidade. Apertado pelas razões sólidas e luminosas do apóstolo,
o herege parecia abalado, e propenso a render preito à verdade; mas parou a meio em
tão bom caminho. Como os judeus, esses eternos modelos da cegueira intelectual, pediu
ele sinais prodigiosos: — "Prova-me, disse, por um milagre público, que Jesus Cristo
está realmente presente na Eucaristia, como vos esforçastes por estabelecer com os
vossos silogismos. Eu vos juro que renunciarei logo a minhas doutrinas, para me
submeter humildemente às que pregais." — O desafio era solene: outro qualquer teria
hesitado em anuir. Antônio, sempre inspirado pelo Espírito Santa, respondeu
tranquilamente que o aceitava. — "Eu possuo uma mula; por três dias deixá-la-ei presa
na estrebaria, sem lhe dar nenhum alimento. Decorrido esse tempo, levá-la-ei para a
praça diante de todo o povo reunido, e lhe oferecerei de comer. Por vosso lado, vós
trareis a hóstia consagrada e apresentá-la-eis à minha mula. Se, a despeito da fome de
que estará devorada, ela se desviar do feno e da aveia que eu lhe oferecerei, para se ir
prostrar a dois joelhos ante o vosso Sacramento, eu ficarei convencido, e declarar-me-ei
católico." — Antônio deu seu consenso à proposta e retirou-se. Foi preparar-se pela
oração para vingar a Jesus Cristo dos ultrajes que lhe infligia a impiedade maniqueia.
Reconhecendo-se indigno de ser o instrumento da graça que esperava, pedia a Deus que
arrancasse da escravidão do erro tantas almas simples e retas que a torrente da opinião
triunfante arrastava para longa de sua Igreja. Chegado o dia da prova imposta, o herege
caminhou para a praça, acompanhado de imensa multidão de adeptos, que supunham ir
gozar a humilhação do apóstolo franciscano: conduzia a mula peia brida, e levava
consigo o alimento que sabia ser o de que ela mais gostava. Entretanto Antônio
celebrava a missa numa capela vizinha, com um fervor maior que de ordinário. Quando
acabou, recomendou-se aos anjos do santuário; e calmo, não obstante a emoção que o
agitava no íntimo, dirigiu-se para o teatro em que o poder do céu ia manifestar-se. Tinha
nas mãos o ostensório do ouro, no meio do qual repousava o Cordeiro que apaga os
pecados do mundo. Sua cabeça inclinada, os olhos velados pela modéstia, a fronte
resplandecente de uma luz sobrenatural, o andar que lhe traía a santidade: tudo isso era
já um espetáculo imponente. Caminhavam atrás dele numerosos fiéis, que recitavam
hinos, e estavam impacientes por saber o que sucederia. Chegando à presença de seus
adversários, Antônio parou; recolheu-se um instante; em seguida, impôs silêncio à
multidão, e, voltando-se para a mula, assim lhe falou: "Em nome de teu Criador, que eu
trago realmente nas mãos, apesar de minha indignidade; eu te digo, ó animal privado de
razão, e te ordeno que venhas imediatamente com humildade prestar-lhe a reverência
que lhe deves, a fim de que diante deste sinal os pervertidos hereges reconheçam que
toda criatura se deve submeter a seu Criador, que o sacerdócio toca todos os dias no
altar." 
No mesmo instante o dono da mula deu-lhe de comer. Mas — oh prodígio! — O
animal que a três dias era guardado à vista e mantido em jejum rigoroso, afastou-se do
alimento que se lhe apresentava; e, dócil à voz do taumaturgo, prostrou-se no solo com
os dois joelhos e ficou imóvel nessa posição. O povo que apenas respirava, não pôde
conter o seu entusiasmo: aclamações e gritos de alegria romperam de todos os peitos.
Os hereges eram batidos no próprio terreno em que se haviam colocado. Eles sumiram-se
logo caïadinhos, indo sepultar longe no silêncio a sua derrota e o seu partidarismo
opiniático.
Entretanto o servo de Deus não havia perdido o seu tempo. O herege que
provocara o milagre, lança-se-lhe aos pés, e adorou em alta voz o augusto Mistério, que
momentos antes chamava superstição.
Não se limitou a isto a vitória. O convertido por sua vez feito apóstolo,
reconduziu à verdade toda a sua família. Fez construir à própria custa uma igreja que
dedicou a S. Pedro, sem dúvida para honrar nele a prerrogativa da fé ortodoxa. Seus
descendentes foram além no seu reconhecimento; e, para perpetuarem a lembrança do
milagre, edificaram uma capela no próprio lugar em que este se havia operado, com
uma inscrição em versos destinada a rememorá-lo para sempre.

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