quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Deus Pai fala e é rígido à Santa Catarina de Sena: Sobre o papa, o respeito devido para com os sacerdotes, e o pecado TERRÍVEL de quem os persegue.

POR: O DIÁLOGO - SANTA CATARINA DE SENA.


Visão sobre o papa

Na terra, quem possui a chave do sangue é o Cristo na terra . Certa vez eu te manifestei essa verdade numa
visão, para indicar o grande respeito que os leigos devem ter pelos ministros, bons ou maus que eles sejam,
e quanto me desagrada que alguém os ofenda. Pus diante de ti a Hierarquia da Igreja sob a figura de uma despensa contendo o sangue de meu Filho. No sangue estava a virtude de todos os sacramentos e a vida dos
fiéis. À porta daquela despensa, vias o Cristo-na-terra,
encarregado de distribuir o sangue e fazer-se ajudar por
outros no serviço de toda a santa Igreja. Quem ele escolhia e ungia, logo se tornava ministro. Dele procedia toda
a ordem clerical; ele dava a cada um sua função no
ministério do glorioso sangue. E como dispunha dos seus
auxiliares, possuía a força de corrigi-los nos seus defeitos.
De fato, é assim que eu quero que aconteça. Pela
dignidade e autoridade confiada a meus ministros, retirei-os de qualquer sujeição aos poderes civis. A lei civil
não tem poder legal para puni-los; somente o possui
aquele que foi posto como senhor e ministro da lei divina.

Não perseguir os sacerdotes

Os ministros são ungidos meus. A respeito deles diz
a Escritura: "Não toqueis nos meus cristos" (Sl 105,15).
Quem os punir cairá na maior infelicidade. Se me perguntares por que a culpa dos perseguidores da santa Igreja é a maior de todas e, ainda, por que não se deve ter
menor respeito pelos meus ministros por causa de seus
defeitos, respondo-te: porque, em virtude do sangue por
eles ministrado, toda reverência feita a eles, na realidade
não atinge a eles, mas a mim. Não fosse assim, poderíeis
ter para com eles o mesmo comportamento de praxe
para com os demais homens. Quem vos obriga a respeitá-los é o ministério do sangue. Quando desejais receber os sacramentos, procurais meus ministros; não por
eles mesmos, mas pelo poder que lhes dei. Se recusais
fazê-lo, em caso de possibilidade, estais em perigo de
condenação. A reverência é dada a mim e a meu Filho
encarnado, que somos uma só coisa pela união da natureza divina com a humana. Mas também o desrespeito.
Afirma-te que devem ser respeitados pela autoridade que
lhes dei, e por isso mesmo não podem ser ofendidos.
Quem os ofende, a mim ofende. Disto a proibição: "Não
quero que mãos humanas toquem nos meus cristos"!
Nem poderá alguém escusar-se, dizendo: "Eu não
ofendo a santa Igreja, nem me revolto contra ela; apenas sou contra os defeitos dos maus pastores". Tal pessoa mente sobre a própria cabeça. O egoísmo a cegou
e não vê. Aliás, vê; mas finge não enxergar, para abafar
a voz da consciência. Ela compreende muito bem que está perseguindo o sangue do meu Filho e não os pastores.
Nestas coisas, injúria ou ato de reverência dirigem-se a
mim. Qualquer injúria: caçoadas, traições, afrontas. Já
disse e repito: não quero que meus cristos sejam ofendidos. Somente eu devo puni-los, não outros. No entanto,  homens ímpios continuam a revelar a irreverência que
têm pelo sangue de Cristo, o pouco apreço que possuem
pelo amado tesouro que deixei para a vida e santificação
de suas almas. Não poderíeis ter recebido maior presente que o todo-Deus e todo-Homem como alimento.
Cada vez que o conceito relativo aos meus ministros
não coloca em mim sua principal justificativa, torna-se
inconsistente e a pessoa neles vê somente muitos defeitos
e pecados. De tais defeitos falarei em outro lugar.
Mas quando o respeito se fundamenta em mim, jamais
desaparece, mesmo diante de defeitos nos ministros;
como disse, a grandeza da eucaristia não é diminuída por causa dos pecados. A veneração pelos sacerdotes não pode cessar; se tal coisa acontecer, sinto-me ofendido.

O grande pecado dos perseguidores

São muitas as razões que fazem desta ofensa a mais
grave. Vou lembrar apenas três. A primeira, é porque
os perseguidores agem contra mim em tudo o que fazem em oposição aos meus ministros. A segunda, é por que desobedecem àquela ordem pela qual proibi que
meus sacerdotes fossem tocados. Ao persegui-los, os homens desprezam a riqueza do sangue de Cristo recebida
no batismo. Desrespeitando o sangue de Jesus e perseguindo os ministros, rebelam-se e tornam-se membros
apodrecidos, separados da jerarquia eclesiástica. Caso
venham a morrer obstinados em tal revolta e desrespeito,
irão para a condenação eterna. Se reconhecerem a própria culpa na última hora, humilhando-se e desejando a
reconciliação, mesmo que não o consigam fazer exteriormente, serão perdoados. Mas não devem esperar pelo
momento da morte, pois será incerto o próprio arrependimento. A terceira razão, pelo qual este pecado é o mais
grave, está no seguinte: é uma falta maldosa e deliberada. Os perseguidores têm consciência de que o não devem cometer, sabem que vão pecar; cometem um ato de
orgulho, em que não entram atrações sensíveis, muito
 pelo contrário. Tais pecadores arriscam a alma e o corpo: a alma, privando-se da graça, muitas vezes em meio
a remorsos da consciência; o corpo, gastando seus bens
a serviço do diabo e indo morrer como animais. Não,
este pecado cometido contra mim não possui características de satisfação ou prazer pessoais; acompanham-no
apenas os desvarios e a maldade do orgulho! Um orgulho que nasce do egoísmo e daquele medo próprio de
Pilatos, quando matou meu Filho por temor de perder
o cargo. É o que sempre fizeram e fazem os perseguidores. Os demais pecados procedem de uma certa simploriedade, de ignorância ou de satisfação pessoal desordenada, de certo prazer ou utilidade presentes no ato
mau. Naqueles pecados, o homem prejudica a si mesmo,
ofende a mim e ao próximo. Ofende-me por não me glorificar; ao próximo, por não o amar. Na realidade, não
se ergue frontalmente contra mim; ergue-se contra si
mesmo, e isso me desagrada. Já no pecado de perseguição
contra a santa Igreja, sou ofendido diretamente. Os outros vícios possuem uma justificativa, uma razão intermediária. Já afirmei que todo pecado e virtude são feitos no próximo. O pecado é ausência de amor por mim e pelos homens; a virtude é amor caritativo. Neste
pecado, os maus perseguem o próprio sangue de Cristo
ao se investirem contra meus ministros, e privam-se de
sua riqueza espiritual. Entre todos os homens, os sacerdotes são meus eleitos, meus consagrados, são os distribuidores do sangue do meu Filho, em quem vossa
natureza está unida à minha. Quando consagram a eucaristia, os ministros o fazem na pessoa de Jesus. Como
vês, realmente este pecado é dirigido contra meu Filho;
por conseguinte, contra mim, pois somos um. É  uma falta gravíssima. Não se dirige aos ministros, dirige-se a mim. Também o respeito demonstrado para com eles,
considero-os como se fossem para mim e meu Filho.

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