sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Não julgar as pessoas pelo exterior, amar Jesus presente nas pessoas, os santos mascaram suas virtudes - por Santa Terezinha do Menino Jesus


POR: História de uma alma - Santa Terezinha do Menino Jesus

NÃO JULGUEIS E NÃO SEREIS JULGADOS'' - Exemplo prático de Santa Terezinha do Menino Jesus.
''Sinto que quando sou caridosa é só Jesus que age em mim; mais unida fico a Ele, mais amo
todas as minhas irmãs. Quando quero aumentar em mim esse amor, quando o demônio,
sobretudo, procura colocar perante os olhos da alma os defeitos de tal ou qual irmã que me é

menos simpática, apresso-me em procurar ver suas virtudes, seus bons desejos. Penso que,
se a vi cair uma vez, bem pode ter conseguido muitas vitórias que ela esconde por humildade,
e que mesmo aquilo que para mim parece ser uma falta pode ser, devido à intenção, um ato de
virtude. Não tenho dificuldade em acreditar, pois já fiz uma pequena experiência que me
provou que não se deve julgar. Foi durante um recreio, a porteira deu dois toques, era preciso
abrir a grande porta dos serviçais a fim de introduzir árvores destinadas ao presépio. O recreio
não estava alegre, pois não estáveis aí, Madre querida, e, por isso, pensei que me seria
agradável ser mandada para servir de terceira. Nesse momento, madre vice-priora disse-me
que fosse, ou a irmã que estava a meu lado. Logo comecei a desatar o nosso avental, mas
bem devagar, a fim de que minha companheira pudesse desatá-lo antes de mim, pois pensei
agradar-lhe deixando-a ser terceira. A irmã que substituía a depositária observava-nos rindo e,
vendo que me levantei por último, disse-me: Ah! bem que imaginei que não seria vós quem
acrescentaríeis uma pérola à coroa, andáveis devagar demais...
Certamente, a comunidade toda pensou que eu tinha agido segundo a natureza. Não sei dizer
como uma tão pequena coisa fez bem à minha alma e me tornou indulgente em relação às
fraquezas dos outros. Isso me impede também de sentir vaidade quando sou julgada
favoravelmente, pois digo a mim mesma: se meus pequenos atos de virtude são vistos como
imperfeições, pode também haver engano e considerar-se como ato de virtude o que não
passa de imperfeição. Então, digo com são Paulo: Bem pouco me importo em ser julgado por
vós ou por um tribunal de homens, nem julgo a mim mesma; quem me julga é o Senhor. Assim,
a fim de fazer com que esse julgamento me seja favorável, ou melhor, a fim de não ser julgada
de forma alguma, quero ter sempre pensamentos caridosos, pois Jesus disse: Não julgueis e
não sereis julgados.''

Encontra-se na comunidade uma irmã que tem o dom de desagradar-me em tudo, suas
maneiras, suas palavras, seu caráter eram-me muito desagradáveis, porém é uma santa
religiosa que deve ser muito agradável a Deus. Não querendo entregar-me à antipatia natural
que sentia, disse a mim mesma que a caridade não deveria assentar-se nos sentimentos, mas
nas obras. Então, apliquei-me em fazer por essa irmã o que teria feito pela pessoa que mais
amo. Cada vez que a encontrava, rezava por ela, oferecendo a Deus todas as suas virtudes e
méritos. Sentia que isso agradava a Jesus, pois não há artista que não goste de receber
elogios pelas suas obras, e Jesus, o artista das almas, fica feliz quando, em vez de olhar
apenas o exterior, entramos no santuário íntimo que ele escolheu para morada e admiramos
sua beleza. Não me restringia a rezar muito pela irmã que me levava a tantos combates,
procurava prestar-lhe todos os serviços possíveis. Quando estava tentada a responder-lhe de
modo desagradável, contentava-me em lhe dar meu mais agradável sorriso e procurava
desviar a conversa, pois diz-se na Imitação que é melhor deixar cada um no seu sentimento
que se entregar à contestação.
Muitas vezes também quando não estava no recreio (quero dizer, durante as horas de
trabalho), tendo algum relacionamento de serviço com essa irmã, quando os combates se
faziam violentos demais, fugia como desertora. Como ela ignorava completamente o que eu
sentia por ela, nunca suspeitou os motivos do meu comportamento e está persuadida de que o
caráter dela me é agradável. Um dia, no recreio, disse-me, aproximadamente, as seguintes
palavras com ar contentíssimo: "Aceitaríeis dizer-me, Irmã Teresa do Menino Jesus, o que
tanto vos atrai em mim, pois cada vez que me olhais vejo-vos sorrir?" Ah! o que me atraía era
Jesus oculto no fundo da alma dela... Jesus que torna suave o que é amargo... Respondi que
sorria por estar contente em vê-Ia (obviamente não acrescentei que era do ponto de vista
espiritual).

Um comentário:

  1. Santa Terezinha do Menino Jesus, Rogai por nós. Sou encantado com essa singela flor do Carmelo.

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